A ETERNIDADE É O PRESENTE

A eternidade é o presente
Não duvide meu irmão
O passado já passou
O futuro é ilusão
Só o presente é concreto
Você pode sentir na mão

Como a gente perde tempo
Com desejos de montão
O desejo faz sofrer
Desprezamos o quinhão
O que temos nos satisfaz
Faz feliz o coração

Bem conseguimos uma coisa
De olho em outras estão
Não se satisfaz com nada
É a ganância o mandão
Se queres parar de sofrer
Diga para o desejo, não.

Você já viu o tamanho
Do presente, cidadão?
O presente é grandioso
Tem coisas, mais de um milhão
Estão escondidos, invisíveis
Só basta prestar atenção

Por falar em atenção
Atenção é energia
Gerada dentro de nós
Dia e noite, noite e dia
Nosso corpo é gerador
De uma infinita energia.

Já falando em energia
Você é quem vai decidir
O que vai fazer com ela
Se tristeza ou alegria
Esta decisão é sua
Nesta hora, és o guia.

És o artista da festa
Festa se chama o dia
Está tudo disponível
Na sua frente, aprecia
Abra os olhos pra ver
Grande beleza a luz alumia.

Logo as quatro da manhã
Os pássaros acordam cantando
Passam doze horas no ar
Brincando, correndo e gritando
Espalhando a alegria
Nosso dia embelezando

As flores com a luz do sol
Se abrem jorrando perfume
Abelhas fazendo o mel
Fazendo o mel que nos une
É beleza, perfume e açúcar
Adoçando nosso mundo.

Estamos no meio da festa
O vento acariciando
O céu azul, nuvens brancas
Um cenário deslumbrante
Tudo acontece ao mesmo tempo
A vida é ágil e brilhante

Eternidade é o presente
Sentimos na pele o calor
Só se sabe o valor de um abraço
Quando no coração tem amor
O abraço parece o colo
De um santo protetor

Os sabores desta vida
São milhares pra agradecer
É o doce, o amargo, o salgado
A gente é que vai escolher
Você é que faz sua escolha
Sua escolha é que faz você.

Leôncio Queiroz

Páscoa

Período propício para purgar-me pelos pecados.
Passagem para purificação perpétua.
Pai poderoso, permita-me penitenciar-me
Pela pobreza preconceituosa, prepotente.
Peço perdão. Preciso purificar-me para progressão.
Preciso publicar, proclamar, Pedro, pedra preferida pelo Pai.
Produtor, pescador, presente, persistente.
Prefiro provas, pré-testes, provações, para promover-me.
Preciso passar por portas pequenas,
Para pular para primeiro pavimento.
Para plena paz.

Leôncio Queiroz

PROVAS

Provas são provações,
Desafios, provocações;
Obstáculos no caminho,
Desvios, são tentações;
Pra testar minha raiz,
Minha fibra, são munições.

Na guerra entre o bem e o mal,
Que tenho dentro de mim,
Ás vezes assisto pacífico,
Tem horas que digo sim;
Mas, com a luz da sabedoria,
Digo basta, e dou um fim.

Meu corpo quer espetáculo,
Cria a arena teatral;
Cada um quer se mostrar mais,
São meus cinco sentidos, é o astral;
Uso a força de vontade,
Domino meu lado animal.

As provas a todo momento,
Na minha frente estão;
Faz parte do jogo da vida,
É a natureza, é criação;
É fonte de grandes riquezas,
Me força a subir, elevação.

Leôncio Queiroz

ESTADO DE GRAÇA

EU QUERO LEVAR VOCÊ,
A UM PAÍS DIFERENTE;
UM LUGAR ESPECIAL,
BEM LONGE DAQUI, INOCENTE.

VOCÊ VAI SENTIR-SE SEGURO,
UM SENTIR GRANDE, SEM IGUAL;
TUDO É LEVE, TUDO É LEVEZA,
FLUTUANDO EM ALTO ASTRAL.

SE DESPRENDA, SOLTE AS RÉDEAS,
TU ÉS LIVRE À VOAR;
NÃO PRECISAS PISAR NO CHÃO,
ÉS MAIS LEVE QUE O AR.

NINGUÉM É DONO DE TI,
NÃO ÉS DONO DE NINGUÉM;
NO ESTADO DE GRAÇA É ASSIM,
LÁ, NINGUÉM COMPRA NINGUÉM.

AS AMARRAS QUE TE PRENDEM
NÃO PERMITEM FLUTUAÇÃO;
SÃO APEGOS, COMPROMISSOS,
ÉS ESCRAVO DO QUINHÃO.

CHEGOU A HORA. ESTÁS LIVRE,
ABRA AS ASAS DA IMAGINAÇÃO;
SOLTE-SE, VOE, SINTA A BRISA,
VAIS VOAR COMO UM BALÃO.

O ESTADO DE GRAÇA É SERENO,
PACÍFICO E SILENCIOSO;
VAIS SENTIR A PAZ QUE PROCURAS,
VAIS ENCONTRAR UM TESOURO.

DEIXE O CORPO, VOE COM O ESPÍRITO,
VÁ SUBINDO E VEJA A PAISAGEM;
OLHE O INFINITO, VEJA O ETERNO,
ESTÁS NA ETERNIDADE.

SINTA A PRÓPRIA EXISTÊNCIA,
FAZENDO A MEDITAÇÃO;
SEM PENSAR, NÃO PENSE EM NADA,
OUÇA SÓ A RESPIRAÇÃO.

COM OS OLHOS BEM ABERTOS,
PRA NÃO CONFUNDIR COM DORMIR;
VOCÊ ESTÁ ACORDADO E ESPERTO,
OLHANDO O FIM, ESTANDO AQUI.

VOCÊ SENTE QUE É FONTE,
DA SUA VIDA EM CRIAÇÃO;
TUDO SURGE DE VOCÊ,
GERANDO IRRADIAÇÃO.

SEM DESEJOS, SEM ESFORÇO,
TEU ESPÍRITO ESTÁ EM PAZ;
ESTÁS NA CONSCIÊNCIA CÓSMICA,
ESTÁS NA CASA DO PAI.

ÉS O TODO, ESTÁS COMPLETO,
NÃO JULGAS, NEM ÉS JULGADOS;
SENTE-SE BEM, EM HARMONIA,
SENTE-SE BEM. UM SER AMADO.

SENTES UMA QUIETUDE MENTAL,
SENTE-SE NA INTIMIDADE COM DEUS;
SENTES A DIVINDADE EM TEU SER,
A TRANSCENDÊNCIA SE DEU.

SAIS-TE PARA O INFINITO,
NO TRANSPARENTE ESTÁS;
NÃO HÁ TEMPO, NEM ESPAÇO,
SINTA, NO INFINITO ESTÁS.

A FELICIDADE É ISTO,
SENTIR A GRAÇA DO EXISTIR;
SUAVE, DEVAGAR E MANSO,
A VOZ DO SILENCIO OUVIR.

Leôncio Queiroz

BODAS DE OURO

NO INÍCIO, SOZINHO «FORAS»
Eu vou declarar pra você,
Uma parte da minha história;
é uma parte importante,
da juventude até agora;
Pensei, vou viver sozinho,
Pois fui campeão nos «foras»;
Levei «fora» de Lucias, e Fátimas,
De Joanas e Auroras.

O ENCONTRO
Como tudo na vida é um encontro,
Eu tive a felicidade;
De cruzar meu caminho no seu,
Ainda com pouca idade;
A vida dá muitas voltas,
Gira-gira da mocidade;
Sempre entreguei a Deus,
O destino, a felicidade.

APAIXONADO
Tudo começou num olhar,
Um gesto, uma gentileza;
Eu ficava te olhando de longe,
Eu queria, mas não tinha certeza;
Se no seu coração passava,
O sangue, na maior correnteza;
Era algo bem diferente,
Quando lhe via, só via beleza.

O NAMORO
Do seu jeito de alteza,
Fui logo me aproximando;
Assim, como um passarinho,
No seu ninho fui pousando;
O namoro aconteceu,
Um bom tempo namoramos;
E na pressa pro noivado,
Assumimos e noivamos.

O NOIVADO
Estudando e trabalhando,
Nosso tempo era corrido;
Encantado com seu charme,
Fiquei logo comprometido;
Aí, chegaram muitas moças,
Cochichando no meu ouvido;
Queriam namorar e noivar,
Mas, eu já tava resolvido.

O CASAMENTO
O casamento foi marcado,
Como num sonho real;
Tinha príncipe e princesa,
Mas, o cerimonial;
Tava dentro de nós com certeza,
Sentia o potencial;
Serias minha pra sempre,
Após o nupcial.

AS ALIANÇAS
As alianças chegaram,
Nossas mãos entrelaçamos;
Na soma de um mais um,
Nós dois nos unificamos;
Nessa aliança carnal,
A vida perpetuamos;
Mostramos pra o universo,
A unidade edificamos.

CONVIDADOS
Os convidados são testemunhas,
Dessa união divina;
Eles fazem parte de nós,
Suas presenças são bem-vindas;
A sua importância é tão grande,
Que a festa toda ilumina;
Os convidados casam conosco,
Essa amizade é uma mina.

FEIRA
A primeira feira que fiz,
Foi cheia de embaraço;
Foi a alegria do armazém,
Paguei em dinheiro, com maços;
Foi uma feira gigante,
Pra uma fome de aço;
Mas, o que eu queria mesmo,
Era, à noite, cair nos seus braços.

DIFICULDADES, ENFRENTADAS
As pedras pelo caminho,
Juntos, cada uma tiramos;
Com pensamentos positivos,
Determinação e os planos;
Trabalho e muito suor,
A vitória conquistamos;
O importante é a lição,
Que de cada desafio tiramos.

DIÁLOGO
Entre eu e você está,
Uma ponte, uma ligação;
Facilita nossa vida,
Que mantém nossa união;
É o diálogo, a conversa,
Base da comunicação;
Quem não se comunica, se trumbica,
Chacrinha dizia na televisão.

BOA NOTÍCIA
Você, representa pra mim,
O correio da boa notícia;
Vai chegando e falando assim,
Coisas boas, uma delícia;
Transformar o negativo,
Em positiva, isto é perícia;
Essa arte é somente sua,
É isto que me enfeitiça.

PACIÊNCIA
Sobre nós tem uma bênção,
É o segredo da união;
Ela é a paciência,
É a fórmula da razão;
Ser paciente é uma ciência,
O cientista a tem paixão;
Com inteligência e sabedoria,
Não há ignorância não.

PERDÃO MISERICÓRDIA
O perdão é um poder,
Que tenho dentro de mim;
Derramar misericórdia,
Sobre você, companheira, assim;
Como você faz comigo,
Derrama, tim-tim por tim-tim;
O perdão nos engrandece,
Parecemos com Deus neste sim.

ACEITAR O JEITO DE SER
Aceitei você desse jeito,
Misteriosa e feliz;
Com defeitos e virtudes,
O dia a dia é quem diz;
Cada dia novo que nasce,
é chance pra aprendiz;
Faço tudo diferente,
Pra mostrar que sou raiz.

TIPOS DE AMOR
Com você, conheci o amor,
O amor conjugal;
Sendo pai, aprendi a ser filho,
O amor filial;
Na família, aprendi ser fraterno,
O amor fraternal,
Conheci o valor pela vida;
O amor universal.
Nossa união é eterna,
Mil quilômetros rodados;
Resistimos às intemperies,
Às secas e tempestades;
O sobe e desce da vida,
Na saúde e enfermidades;
Na pobreza e na riqueza,
O valor tá na humildade.

VÃO FICANDO PARECIDOS UM COM O OUTRO
Nós ficamos parecidos,
Nessa química especial;
Misturados com a ternura,
Somos diferente e igual;
Adivinhas meus pensamentos,
Sabes o que quero num sinal;
Manipulas meus desejos
Tu me proteges do mal.

PARQUE DE DIVERSÃO
És meu parque de diversão,
Tens escorregos, balanço;
Trapézio e rodas gigantes,
Subo e desço sem descanço;
Com emoções triunfantes,
Vivo alegrias e sonhos,
Eu me divirto bastante;
Viro adolescente medonho.

FRUTOS
Os frutos dessa união,
São filhos, netos, família;
Presentes ao meu redor,
Fortalecem nossa liga;
O meu privilégio é este,
Ser o eixo da família;
É ser amado e amar,
Tudo na maior alegria.

UMA HISTÓRIA SÓ
Nossas histórias se fundiram,
Agora é uma história só;
Eu trouxe a família e amigos,
Juntei com os seus num só;
A cidade ficou grande,
Com a soma dos opostos;
Nós somos gratos a Deus,
O criador nos fez nosso.

GLÓRIA A DEUS MAGNIFICAT
Esta união glorifica,
Glorifica o Senhor;
Exulta em Deus nosso espírito,
Em Jesus, o Salvador;
O poderoso fez em nós,
Maravilhas do amor;
Para sempre nós seremos
Um casal fiel, servidor.

Leôncio Queiroz

OS 10 TIPOS DE ANALFABETOS

Fazer um “O” com um quenga,
Qualquer um sabe fazer;
O que eu quero ver é o sujeito,
Ter amor pelo saber.
Na casa que todos leem,
Há corrente entre os seus;
É uma energia divina,
Sabedoria é presença de Deus.

Existe o analfabeto,
Do tipo convencional;
É formado, diplomado,
Mas, não sabe o essencial.
Pra tomar uma decisão,
É igual a um boi ferrado;
Precisa de um empurrão,
Para sair lá do cercado.

Existe o analfabeto,
Que é o dono da verdade;
Ele é poderoso no cargo,
É quem manda na cidade;
Humilha o contribuinte,
O seu patrão de verdade;
Não respeita o cidadão,
Não importa a idade.

O analfabeto gabola,
Esse, tem de bater de vara;
No jogo, parece a bola,
Pra lá e pra cá, de cara;
Ele é massa de manobra,
Não tem sua opinião;
É usado pelo falso líder,
Não sabe onde está a razão.

Existe o analfabeto,
Que usa o anel de doutor;
Quer enganar todo mundo,
É um trapaceiro, um horror;
Sempre muda de endereço,
É corruptor na terra;
Causa tanto prejuízo,
Não vale o que o gato enterra.

O pior analfabeto,
É a vitima do auto engano;
Sempre mente para si mesmo,
Sempre entra pelo cano;
Não se conhece, é travesso,
Critica fulano e beltrano;
Só vive um tempo perdido,
O orgulhoso, é tirano.

O maior analfabeto,
É o analfabeto taboca;
Ele é todo oco por dentro,
É todo esbelto na toca;
É sem conteúdo, sem nada,
Não ama, não tem compaixão;
Só vive das aparências,
É uma pedra, seu coração.

O analfabeto mala,
Este é morto de preguiça;
Não quer produzir, não trabalha,
Não gera nem uma faísca;
É um batedor de carteira,
Na sua bolsa aterrissa;
É o terror das ruas, está solto,
Um protegido da lei, terrorista.

O analfabeto egoísta,
Este, quase ninguém vê;
Se esconde de todo mundo,
Conhecimentos, só quer ter;
Ele sabe de muita coisa,
Mas, não passa pra ninguém;
Ler muito, pesquisa e guarda,
Seu saber não vale um vintém.

O analfabeto mais bruto,
É o chamado “sabe tudo”;
Ignora os segredos da vida,
A maior escola do mundo;
É no palco do dia a dia,
Que está o terreno fecundo;
Pois são nas pequenas coisas,
Onde estão ensinamentos profundos.

No meio dos analfabetos,
Tem o sábio de nascença;
Tem a sua opinião formada,
Faz pesquisa, tem consciência;
Nunca é manipulado,
Simpatiza com a ciência;
Este, é o que o Brasil precisa,
Tem ordem, progresso e paciência.

O saber é um tesouro,
Igual a força de vontade;
Empurra o sujeito para frente,
Na maior velocidade;
O sábio vê lá na frente,
Enxerga do alto a cidade;
Nunca é enganado na vida,
Conhece a felicidade.

Já falando em tesouro,
O tesouro está nos livros;
O livro é o verdadeiro amigo,
Lhe defende do perigo;
E a chave do tesouro,
É a sua atenção;
Calcule o lucro do dia, e veja,
Onde esteve seu coração.

 

Leôncio Queiroz

CONVERSAS DA IDADE

Quando sou pequenininho
Tenho de um a 10 anos
A minha vida é brincar
Nisto eu não me engano

Principal atividade
O próprio nome já diz
Estou ativando a idade
Sou um pequeno aprendiz

Jogando bola e biloca
Essa é a vida que quis
Comendo pastel e pipoca
Sou uma criança feliz

Nos dez anos de idade
Empino pipa, sou atleta
Corro pra cima e pra baixo
Andando de bicicleta

No computador o dia todo
Nos meus jogos eletrônicos
Passo tempo no telefone
Já estou ficando afônico

Quando não estou desenhando
Com grande animação
Jogo xadrez, dominó
To no parque de diversão

Dos 10 aos 20 anos
Minha vida é paquerar
Acho linda as garotas
Sou louco pra namorar

Só uso roupas de marca
Perfume e cabelo da moda
No meu carro sou veloz
Elegante e gabola

Minha paixão é a professora
Lá na sala, no fundo,
Aprecio sua beleza
Namoro com todo mundo

A vida na minha idade
Sem compromisso e trabalho
Sem responsabilidade
É uma vida de paixão
Vivo no sonho e desejo
Mas, sempre termino na mão

A moça só fala em namoro
O rapaz em vaquejada
A conversa do rapaz é touro
A moça quer ser amada

Dos 20 aos 30 anos
A conversa é animada
Tudo tem muito reflexo
A língua é afiada
Nós só falamos em sexo
Na escola e na calçada

Tudo meu é no presente
A emoção é na hora
Eu sou isso, sou aquilo
Sou pau pra toda obra
Boemias e noitadas
Muitos beijos e abraços
É energia de sobra

No auge da juventude
O sexo é minha bandeira
Sou fogoso, brabo e valente
Mas, sou liso na carteira
Sou tesudo e bonitão
Nessa vida aventureira

É dos 30 aos 40
Que só falo em dinheiro
Vou ganhar vou ficar rico
Eu, e meus companheiros

A fortuna tá chegando
Vou ganhar na loteria
Tô vendo só coisas boas
Não existe carestia

É poupança, aplicação,
Muito dólar, cordão de ouro
O banco central que agüente
Eu só falo em tesouro
Se fui pobre não me lembro
Meu caminho é duradouro

E por falar em gerente
A conversa é prosperar
Falar na moeda corrente
Esse é meu vocabular
Lutar e juntar dinheiro
Até os 40 chegar

Dos 40 aos 50
Minha prosa é jantar
Jantar com meus amigos
Para a vida planejar

Planejar para jantar
Jantar para planejar
Essa é a minha rotina
Onde a minha idade está

Precisamos nos reunir
Sentar juntinho na mesa
Trocar ideias,
Falar da vida proezas
Contar piadas, jantar
Apreciar nossas belezas

Falamos sempre de vinhos
Seus tipos de uva, e clareza
Tinto, branco, moscatel
Seus sabores e levezas

No paladar eu sou bom
Na cozinha tenho destreza
Faço qualquer comida
Para agradar a alteza

Essa idade é saborosa
São dez anos de delícia
Salgado, doce e amargo
São impressões sem malícia
Ao redor de nossa mesa
Com muito jeito e perícia

Sentar para planejar
Antever o nosso futuro
Jantar pra saborear
Sou experiente e maduro

Dos 50 aos 60
Só vivo na academia
Acordo pra caminhar
É ginástica noite e dia
Com pilates e esteira
Mantenho minha harmonia

A noite na gafieira
Vou dançar com a patroa
É tango, samba e valsa
Tô no ritmo numa boa
Vou pra um lado, vou pro outro
Estou seguro na prôa

Esta luta de gigante
É para manter a forma
Tudo duro e elegante
Perfumado, esta é a norma
Na minha musculação
A coluna trinca, mas, não tora

Entre 60 e 70
Você já vai imaginar
A conversa é tomar chá
Tomar chá para melhorar

Alecrim melhora o estresse
E trata do reumatismo
Camomila pra diarréia
Boldo protege o fígado
Muito bom pra digestão
Faz gases quando preciso

Carqueja é curativo
Chá pra qui, chá pra acolá
É papo no nosso estilo
Não vejo o tempo passar

A conversa ganha à noite
Chá de confrei, erva cidreira
Trás o sono bem na hora
Tem chá preto e macieira

Casca de laranja e guaraná
Faz subir a ladeira
Tira a impotência sexual
Elimina fadiga e canseira

Estévia é o melhor adoçante
Puro da natureza
Tome sem ter cuidado
É bom com toda certeza

Dos 70 aos 80
A cantiga é uma graça
Só se fala em colesterol
A conversa são as taxas

Triglicerídeos e glicose
Ferritina e raio-x
Minha vida é fazer exames
Laboratório é meu bis

Tem hora que a taxa sobe
Tem hora que a taxa desce
Todo ano é dedo na próstata
O preventivo prevalece

Vivo na oficina, fazendo revisão
Ajustando todas as molas
Apertando o freio de mão
Já fiz minha cataratas
E aparelho pra audição

Tenho carteira da melhor idade
Estou solto como o vento
Tenho vagas preferenciais
Em todos estacionamentos
É teatro, cinema e transporte
Tô disposto como o jumento

Dos 80 aos 90
A conversa é sabatina
A toda hora se fala
Na força da vitamina

É castanha do Pará
Alho e amendoim
A catuaba é que é bom
Não esqueça do gergilim

Cartilagem de tubarão
Cevada e pão integral
Vitamina C e D
É o alfabeto total

Apesar das vitaminas
Muita coisa acontece
A bunda desapareceu
E minha barriga cresce
Nas salas dos consultórios
Minha esperança floresce

Dos 90 aos 100 anos
Idade do pode, não pode
Pode isso, não pode aquilo
O idoso se sacode

Aprecia as comidas bonitas
Sem poder saborear
É só caldo de carne e feijão
Para as forças levantar

A conversa é do passado
Já fiz muitas travessias
Fui bom nisso e naquilo
O melhor na simpatia
Me recordo de bom grado
Minha vida de alegria

Tô com os dentes todos novos
Caíram, botei no lugar
À noite antes de dormir
É aveia meu jantar
Esta é minha rotina
Não pare pra duvidar

Pra chegar nos 120
Tenho uma escada a subir
Apesar da minha idade
Tenho força pra seguir
Experiência na mala
Os de perto vão ouvir

O meu papo é de maduro
Contando histórias mil
Repetindo muitas vezes
Agradeço ser gentil
Quero que leves contigo
Meu passado varonil

Na cadeira de balanço
Não me canso de falar
Fico feliz com você
Me olhando a escutar
Sua paciência me encanta
Tenho muito pra passar

No fundo da rede boa
Feita lá em Caicó
Me balanço contando histórias
Vibro, nunca estou só
Estou voando nas nuvens
Conforto de Faraó

Agradeço a Deus por ter vindo
Realizar a minha missão
Construir um mundo melhor
Sinto na palma da mão
O que fiz foi pra você
Foi pra você meu irmão

Sou santo, santificado
Apesar de tudo que fiz
Meus pecados perdoados
Sou um idoso feliz
Rezo a missa todo dia
Ouço o que Jesus me diz

Minha conversa é com Deus
Com discagem direta à distância
Ligado no coração
Estou com Deus na aliança
Falo com Ele baixinho
Estou firme na confiança
Pra viajar estou pronto
Me guarde na sua lembrança

Leôncio Queiroz

ELEITOR FICHA SUJA

Em toda nação que se preza
O eleitor é cidadão
Ele sabe o valor que tem
Sua representação
Escolhe com muito carinho
Do fundo do coração
Quem vai ser seu empregado
No dia da eleição

Só faz 120 anos
Que não temos escravidão
Naquele tempo era triste
Gente comprada em leilão
Nossa democracia é novinha
Mas precisa de cuidados
Tem gente que é ditador
Só precisa estar no cargo

Muitos deram suas vidas
Para se ter democracia
Para viver a liberdade
Dia e noite, noite e dia
Vender ou trocar o voto
É profunda traição
Àqueles que deram a vida
Para nos tirar da escuridão

Tem país na ditadura
Imposição de gigantes
Escraviza o seu povo
Explora os ignorantes
É igual ao morcego
Sugando o sangue incessante
Vive da miséria alheia
É situação humilhante

Nossa urna eletrônica
Invenção do brasileiro
Fez o Brasil moderno
Na terra, sendo primeiro
Não existe país no mundo
Mais criativo que o brasileiro
Só falta tomar consciência
Para sair do cativeiro

O eleitor ficha suja
Não conhece a liberdade
É escravo da ignorância
Não valoriza a cidade
Só vive no sofrimento
Não conhece felicidade
Só faz reclamar da vida
Desconhece a amizade

O eleitor ficha suja
É a desgraça da nação
Destrói a democracia
Com sua corrupção
Vende o voto inconsciente
Depois, fica na solidão
É o cupim que estraga
O resultado da eleição

O eleitor ficha suja
É muito bem representado
A pessoa que ele elege
É seu retrato falado
Corrupto, preguiçoso e ladrão
Só vive desocupado
Não trabalha, nada resolve
É um bruto amaldiçoado

O eleitor ficha suja
Não gira bem da cabeça
Logo passada a eleição
Por incrível que pareça
Não sabe em quem votou
Não cobra de quem elegeu
Só vive no mundo da lua
Política pra ele, esqueça

Só é feliz quem é livre
Tendo plena consciência
Dos direitos e deveres
Respeita com paciência
Trabalha, estuda, pesquisa
Faz tudo na transparência
Não participa da fraude
Seu modelo é referência

Na democracia o que vale
É o voto da maioria
Mas se a maioria for suja
Fica feia a fotografia
Dá um passo para frente
Volta dois na agonia
Vê se enxerga cidadão
Tome conta, seja o guia

O voto branco e o nulo
E também a abstenção
É uma grosseira atitude
No dia da eleição
O eleitor joga fora a chave
A chave da transformação
Depois fica reclamando
Mas não teve participação

Ganharás o pão da família
Com o suor do teu rosto
Não fique aí esperando
Cair do céu a seu gosto
Vá à luta, cidadão
Construir sua casa, seu posto
Cada um edifica a si mesmo
Em cada pequeno esforço

O eleitor ficha suja
É preguiçoso, acomodado
Não pesquisa os candidatos
Cada um para ser comparado
Prefere vender o voto
Ao primeiro encontrado
Não discute as propostas
Depois fica enrolado

Tem gente que fica esperando
O ano de cada eleição
Para explorar o político
Com a cara de pidão
Mas não enxerga que ele
Ele, é que é o patrão
Não exige trabalho, nem nada
É um mendigo estendendo a mão

O eleitor ficha suja
É um ser, bem alienado
Não se envolve em política
Parece que é de outro estado
Não enxerga que seu futuro
Depende do seu passado
Não constrói no presente
Seu desejo tão sonhado

O juiz eleitoral
Com muito amor e carinho
Organiza a eleição
Deixa tudo bem limpinho
Aí vem o ficha suja
Troca o voto por dinheiro
Envergonha a nação
Com seu jeito trapaceiro

Um chinelo, um sapato
Cada um pode comprar
Qualquer coisa nessa vida
Eu tenho que conquistar
Devo mostrar meu valor
Os dons de Deus explorar
Não preciso trocar meu voto
Por dinheiro, aqui, acolá

O prejuízo causado
Só pelo voto vendido
O comprador não trabalha
Vai viver no paraíso
Não produz, não tem projeto
Esse é o grande prejuízo
Vai recuperar o dinheiro gasto
E esse é um tempo perdido

Existe político palhaço
E o palhaço que é político
Você é quem vai decidir
Quem contrata lá do circo
Cuidado para não dar o que tem
Depois fica lambendo os beiços
Reclamando que não viu nada
Mas foi você quem fez o mal feito

Nossa Lei da Ficha Limpa
É iniciativa popular
A justiça e as ONGS
Se juntaram para criar
Um milhão de assinaturas
Para o congresso votar
Hoje é lei, tá em vigor
Para os maus políticos filtrar

Com a lei ficha limpa criada
O Brasil avançou 100 anos
Está na frente de todos
A lei ficha limpa educando
Não permite em cargos públicos
Os que consciente fraudaram
Mexendo no que é dos outros
Nunca mais representaram

A polícia e a justiça
Procuram com a luz acesa
Se pegar prende e caça
O ficha suja, é certeza
Vai pra cadeia pagar
O que fez na esperteza
Pensando que todos são bobos
Mas só ele é a tristeza

Se você vende seu voto
Vendeu sua decisão
Passou para a mão dos outros
Sua determinação
A fila anda amigo
É hora do sim e do não
Escolha seu candidato
Sem fantasia, pela razão.

Leôncio Queiroz

OS TIPOS DE CHEQUE SEM FUNDOS

O cheque sempre foi,
Esse ótimo companheiro;
Na hora da troca ele vem,
E substitui o dinheiro.

Sem objeto, sem nada,
Pra trocar por mercadoria;
Se passa o cheque na frente,
Servindo de garantia.

Lá no banco com certeza,
O dinheiro tá dormindo;
Pra quando o cheque chegar,
O dinheiro ir substituindo.

Mas acontece as zebras,
São as zebras da memória;
O dono do cheque esqueceu,
Não sabe mais da história.

No banco, não tem mais saldo,
Mas, o dono da conta é rico;
Na sua cabeça ele pode,
Soltar cheques, estourar o pico.


Então a confusão começa,
O espetáculo se inicia;
Sai cheque pra todo lado,
Causa dor e agonia.

Tem todo tipo de cheque,
Pra mostrar a freguesia;
São muitos tipos de donos,
São os CARAS DE PAU da orgia.

Existe o CHEQUE-BORRACHA
O famoso borrachudo;
Ele bate no banco e volta,
Acontece num segundo.

Quem recebe o CHEQUE-CAUBÓI,
Tem que ter muito juízo,
vai sacar rápido no banco
Ou fica no prejuízo.

CHEQUE-SAPO-CURURÚ,
Faço tudo para ele não entrar;
Ele persiste de um lado pro outro,
Até conseguir sacar.

Já o CHEQUE-CARNAVAL,
É tipo do cheque ranzinza;
Você pensa que tá pronto,
Só tá bom na quarta feira de cinza.

Já o CHEQUE-NOMINAL,
É o cheque mulher casada;
Só que saca é o próprio dono,
Com CPF, assinatura passada.

O CHEQUE-BOI tem mugido,
Este cheque só tem um;
Você vai no banco e mostra,
O aixa, olha, e faz, Hummm.

Com o CHEQUE-PROCISSÃO,
Quem recebe, já chorou;
Ele dá voltas na praça,
E volta pra quem soltou.

O CHEQUE-AIDS tá frouxo,
Quem tem, faz questão de dá;
Mas, o sujeito tá cismado,
Pois tem medo de pegar.

Já o CHEQUE-BAILARINO,
Faz exercícios que cansa;
Pois já mostra resultados,
Dá mil voltas, e você dança.

O CHEQUE POMBO-CORREIO
É obediente na lida;
Vai ao seu destino e volta,
Para o ponto de partida.

Existe o CHEQUE-CAPIM
O que recebe, faz sussurro;
Não tem saldo de jeito nenhum,
E quem recebe é o burro.

Já no CHEQUE PING-PONG,
Tem carimbo pra chuchu;
De tanto bater e voltar,
O fundo tá todo azul.

Existe o CHEQUE BOM-FILHO,
Que bagunça e transtorna;
Depois de causar prejuízo,
Sempre à casa do pai retorna.

Já no CHEQUE BUMERANGUE,
Instrumento australiano;
Arremessado, caça a vítima,
E volta pro dono tirano.

O CHEQUE PEIXE o engraçado,
Parece um conto de fada;
O sujeito corre ao banco,
O caixa olha o saldo, e nada.

Já no CHEQUE-BOEMIA,
Não vale o que tá impresso;
Sempre volta pra mão do dono e diz,
Aqui me tens de regresso.

CHEQUE ROBERTO CARLOS, é, “eu voltei”.
Eu voltei para ficar;
Eu voltei pois é aqui,
Aqui é meu lugar.

O CHEQUE CALÇÃO-DE-ÍNDIO,
É um cheque infecundo;
Na frente tá tudo bem,
Mas atrás não lhe cobre o fundo.

O CHEQUE-ATLETA é veloz,
O emissor sai na carreira;
Pra depositar o dinheiro,
E garantir a bobeira.

O CHEQUE SIBÉRIA é,
Prejuízo e desmantelo;
Você sente na palma da mão,
É cheque frio, um gelo.

Existe um cheque teimoso,
Não obedece a ninguém;
É o CHEQUE VOADOR,
Não aterrissa, não vem.

Tem o CHEQUE ESPECIAL,
Eu não quero nem aposto;
Seus juros são lá em cima,
É o cheque, “me engana que eu gosto”.

Brasileiro só aprende,
Depois de fazer besteira;
Quando vê, que DINHEIRO-CHAMA-DINHEIRO,
valoriza educação financeira.

Leôncio Queiroz

Chá de Cadeira

Levar um chá de cadeira
Já virou uma tradição
um costume, uma cultura,
Esperar na imensidão;
É o chá da paciência,
É mania em toda a nação.

O sujeito é bem recebido,
As vezes é até engraçado;
Quando entra vê um sorriso
Sorria, você está sendo filmado;
Mas, logo oferecem a cadeira,
Pro sujeito ficar deitado.

Tá tudo na hora marcada,
Reservado com antecedência;
Telefonou antes, pra garantir,
Na mais perfeita decência;
Mas, é tudo faz de conta,
Relaxe, é melhor ter prudência.

Tanto faz posto de saúde,
Ou no consultório arrumado;
Segure sua dor aí dentro,
Até você ser sorteado;
Pra dor de dente ou de rins,
O chá de cadeira tá preparado.

As vezes no Hospital,
Parece o globo da morte;
O sujeito girando em círculo,
Subindo e descendo forte;
O médico escolhe um,
Que escapará por sorte.

Olhando um pra cara do outro,
Feito um palhaço enfeitado;
O paciente ri e chora;
Na chocadeira é chocado,
Sente vontade de gritar,
Mas, fica encolhido, calado.

O chá de cadeira é assim,
É um senta levanta danado;
Vai lá no banheiro faz xixi;
Olha no espelho o penteado;
Reza uma Ave Maria, um Pai Nosso,
Quer o milagre realizado.

Quando volta é a mesma coisa,
Ninguém sabe, ninguém viu;
Quando vai ser atendido?
Só quando queimar o paviu,
Dá vontade de mandar;
Lá pra ponte que caiu.

Se for na fila do banco,
A coisa é bem mais pior;
Tem banco que dá cadeira,
Pois sente pena e tem dó;
Mas, tem banco ganancioso,
Fila é surra de cipó.

Se for pra pagar imposto,
A fila é fenomenal;
Quando não tem greve ou feriado,
O funcionário é genial;
Nem sabe que sou seu patrão,
A minha espera é total.

O chá de cadeira quem toma,
Vai ficando acostumado;
Ele se destina ao estresse,
Aquele que chegou apressado;
Acalmou o seu juízo,
Vai ficando alí sentado.

O político é quem produz,
Chá de cadeira em montão;
Todo dia é romaria,
Sua casa virou um salão;
Eleitor é que é paciente,

Bicho homem é ignorante,
Egoísta e trapaceiro;
Entra e sai pela porta dos fundos,
Pra ninguém saber seu roteiro;
Só não lembra da verdade,
Os últimos serão os primeiros.

Este nome, paciente,
É muito bem empregado;
O sujeito se sujeita,
A dormir em pé ou sentado;
Abre a boca, cochila e ronca,
Até a hora de ser chamado.

Pimenta nos olhos do outro,
É refresco de maracujá;
Que atende tem obrigação,
No lugar do outro ficar;
Jesus ensinou faz tempo,
O bem que fizeres, receberá.

O chá de cadeira solene,
É o chá que a noiva dá;
400 convidados esperando,
E o noivo lá no altar;
Olha 100 vezes pra porta,
Esperando a noiva chegar.

O melhor chá de cadeira,
É o chá do menino novo;
Nove meses ali sentado,
A barriga é seu tesouro;
Come e bebe do melhor,
Nadando em berço de ouro.

Quem espera sempre alcança,
A esperança nunca morre;
Um dia vou ser bem atendido,
Tomar este chá é um porre;
Nunca farei com ninguém,
Esteja no sul ou no norte.

Leôncio Queiroz